Importantes esclarecimentos que devemos interpretar sem o ranço da
culpa e do famoso "tenho que sofrer"; atavismos arraigados nas
culturas religiosas judaico-cristãs - especialmente o catolicismo - ao
longo dos séculos que forjaram os nossos inconscientes e dos espíritos
do lado de lá. A Misericórdia Celeste é igual para todos e não
estabelece favor para ninguém - Xangô. Não nos tornamos "santos" dado
que não existe espírito perfeito, como uma peça pronta e acabada.
Todas as consciências no Cosmo evoluem pelo devir, na eternidade,
sempre, eis que o Deus ùnico é inigualável em sua perfeição e
atributos divinos. Arrependimento não simboliza que somos "pecadores".
Demonstra um estado de consciência que se amplia para o bem estar do
outro. Tudo que prejudica o próximo é dígno de arrependimento. Temos o
direito de sermos felizes no "aqui e agora". Afinal, qual o espírito
que está encarnado neste orbe que é santo?

A maioria esmagadora dos médiuns renasce com acentuado estado de
remorso. Esse clima psicológico responde por costumeiras reações e
atitudes daqueles que são portadores da sensibildiade mediúnica, quais
sejam: tristeza, conflito íntimo, irritabilidade, confusão nos
raciocínios, inquietude, medos incontroláveis e uma série inumerável
de sintomas que denotam algum transtorno na vida psíquica, muito
similares a uma depressão clássica.

A princípio, o exercício mediúnico, constitui uma expiação, vindo a
transformar-se, depois de longo esforço reeducativo, em recurso
abençoado de progresso. A mediunidade, por sua vez, é uma ponte entre
as sombras interiores e a luz que se derrama da alma. Os médiuns não
só detém maior sensibilidade para frequências da vida exterior, mas
igualmnete para seu mundo íntimo, mantendo ampla facilidade de conexão
com seu patrimônio inconsciente.

No fundo, a ânsia espiritual dos médiuns é celebrar sua
individualidade, conquistar a si próprio e responder a intrigante
pergunta: quem sou eu? Almas cativas do próprio ego, raras vezes
experimentam a benção do contato com sua essência espiritual.

Os médiuns são como vasos de barro. Frágeis, espiritualmente
franzinos. A mediunidade, entretanto, representa o tesouro emprestado
pela Misericórdia Celeste em favor de suas recuperações. A força
mediúnica é capaz de sanear e equilibrar a vida mental ante as agonias
do inconsciente me erupção, cuspindo sua matéria enfermiça para os
domínios da consciência. Os médiuns são espíritos que não olham para
si mesmos há milênos. A mediunidade é um espelho constantemente
direcionado para a vida insconsciente, a fim de trazer ao consciente
as imagens que constumam negligenciar.

Os médiuns, em sua generalidade, não são missionários na acepção comum
do termo, são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram,
sobremaneira, o curso das leis divinas, e que resgatam, sob o peso de
severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro
e delituoso. O seu pretérito, muitas vezes, se encontra enodoado de
graves deslizes e de erros clamorosos. Quase sempre, são Espíritos,
que tombaram dos cumes sociais, pelos abusos do poder, da autoridade,
da fortuna e da inteligência e que regressam ao orbe terráqueo para se
santificarem em favor do grande número de almas que desviaram das
sendas luminosas da fé, da caridade e da virtude. São almas
arrependidas que procuram arrebanhar todas as felicidades que
perderam, reorganizando, com sacrifícios, tudo quanto esfacelaram nos
seus instantes de criminosas arbitrariedades e de condenável insânia.